(Nascedouro. pesquisa.exercício.registro-e-obra.

(Nascedouros.
por Bruno Lobo

a partir do texto 'Nascedouro' de Sahmaroni Rodrigues.

O processo do corpo que se experimenta, o ator que se arrisca, que se submete, o corpo que vacila, ora erra ora acerta, ora encontra ora perde, os limites de uma investigação.

As demarcações entre os corpos, o corpo banal, o corpo animal, o corpo cênico, o corpo confidencial...

Em que ponto do percurso o corpo é uma representação direta e onde ele é uma materialização das subjetividades do corpo do ator ligadas às suas experiências, memórias e transtornos intrínsecos do texto?

A investigação, o processo criativo e as perspectivas da estruturação da dramaturgia corporal, como esses fatores podem se realizar como um foco artístico, um resultado a ser usufruído?
O registro da pesquisa na intenção de obra.

(Nascedouro. pesquisa.exercício.registro-e-obra.

vídeo número um é uma experimentAção a partir do seguinte trecho:

"(Nascedouros. Nascentes. Nascedor. Se das águas internas da mãe tivéssemos consciência talvez não nos fosse dado conhecer a grandeza da vida. Quando nasci pensava estar morto por tanto estrago da dor sentida todos os dias pois sempre achei que mesmo morto e apesar do corpo frio da falta de apetite da ausência de corpo a dor continua. E desejo ainda. Sempre desejei por exemplo morrer sem dor e só me apercebi agora que não se pode pois me dói toda a vida no corpo e morrer ainda é corpo.Queria então ter sido aquele jumentinho que carregou Maria até a manjedoura. Seria lindo ser lembrado como o responsável pelo transporte daquela barriga sagrada. Mas nem para jumento servi. E agora me vendo morto todos os dias me digo que morrer não vale à pena. Uma ânsia seca nos ossos me doem todas as horas que passo nessa posição funérea relembrando movimentos de vivências. É como se eu puxasse a descarga e eu - dejeto gigante esfacelado - fosse descendo nas águas infernais que me jogam de um lado a outro rodando rodando até não ver mais a luz e me ver cego de escuridão. Passo os ossos da mão sobre o crânio que tantas vezes foi acusado de beleza. Rio de lágrimas. Se me vissem hoje os apaixonados que pensariam do fim da beleza? Ou ainda é belo ser assim? Gargalho com a visão de alguns. Rio rio.)"

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