“galopas no meu sangue com teu catéter chamado Pégaso”.

 
 
O que é isso de ser livre e estar preso ao que vem do chão? O que é isso de ser vermelho em seus adentros e alimentar-se do verde? Isso de amar e cavalgar e ser cavalgado? Isso de ser isso: “dois Issos sem nome”? Isso de se jogar no chão? É dor? É amor? “Pois quando estou amando é parecido com sofrer”. Isso de ser uma égua-pocotó e de ser cavalo-de-fogo? Sara? Isso de ser dança quando não se dança? Ou sempre se dança neste mundo parado? Isso de ser andréa pires e ser bruno lobo e ser lucas coelho... isso de ser tudo e não ser nada: isso é um mito. Mico? Minto quando danço? Quando me revolvo me revolto e me lanço a teus pés? Quando chegam caboclos orixás e outras sensações? A técnica pode ser um sentir? Sou o Pégaso de meus sentires? De meus quereres? Sou a carga de alguém que desconheço? Ou sou eu mesmo aquilo que carrego? Isso? Que tecnologias de mim tornam meu eu um fardo em meus dias? Este corpo é cavalo de minha alma ou minh’alma é a cela onde me alojo? Por que carrego tantas perguntas quando sinto? Por que a técnica pode ser tão sentirpensar? Minto quando sinto? Lanço quando danço? E os cavalos, meu deus... e os cavalos... eles pastam, bebem e ... silenciosamente... são cruéis... e são... 
“Tu sabes que serram cavalos vivos
Para que fiquem macias
As sacolas dos ricos?
Tu gozas ou defecas
Diante do ato sem nome
O rubro obsceno dessa orgia?”

Ser cavalo é apenas ir ser selvagem. Suportando o peso dos dias. Suportando a cada dia o ritual de morrer e ressurgir em dança. É preciso cavá-los. A galopes.

Sahmaroni Rodrigues, em 10.08.2011
(após assistir a “CAVALOS”, de Andréa Pires e Daniel Pizamiglio)

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